Resgate de araruta incentiva agricultores familiares de Juiz de Fora a produzir polvilho

  

Oficina da Emater-MG  ensina o preparo do polvilho

Agricultoras familiares de Juiz de Fora estão investindo no plantio de araruta e resgatando um antigo costume de preparar alimentos derivados da planta. O objetivo é obter mais uma fonte de renda com a  produção de  polvilho feito a partir do rizoma (raiz) da hortaliça. O ingrediente, que pode ser usado na fabricação de biscoitos, bolos, brevidades e mingaus, é considerado saudável, mas quase não é mais utilizado, por ser raro no mercado. O motivo seria a entrada de outras féculas, como a de trigo, milho e principalmente a de mandioca, muitas vezes vendida como se fosse de araruta. E isso acontece a despeito de a ciência reconhecer os benefícios do uso desta farinha, cujo amido é mais digerido pelo organismo.

“Os produtores estão motivados e apostando nesta iniciativa, pois apesar de o polvilho de araruta ser um produto diferenciado, indicado para a alimentação de pessoas com intolerância ao glúten ou com a chamada doença celíaca, ele não é encontrado no comércio”, garante o extensionista de Bem-estar Social, Cândido Antônio Rocha, do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

Para se ter uma idéia de como a produção de polvilho de araruta tem potencial de gerar renda no campo, Rocha cita pesquisa que realizou na internet, onde é possível vislumbrar a lucratividade da venda da farinha. “Fiz um levantamento na internet e só consegui localizar uma empresa na Bahia que produz este tipo de polvilho, em escala comercial. Aqui só é produzido para consumo doméstico.  Apurei que eles vendem a R$ 40 o quilo do produto”, informa.

A agricultora Rita Aparecida Resende, que vende quitandas nas duas lojas do Empório Rural, pontos de venda da Associação de Produtores Rurais da Agroindústria Familiar de Juiz de Fora (Agrojuf), é uma das produtoras locais que está acreditando no projeto. “Plantei 20 quilos de rizoma e espero colher 400 quilos. Pretendo transformar uma parte em polvilho, plantar o restante e produzir quitandas para os empórios da Agrojuf e para a feira da Associação de Produtores de Produtos da Agroindústria Familiar (Agrofar)”, revela.

Segundo a agricultura, a capacidade de transformar araruta em polvilho, foi aprendida com seus antepassados. Atualmente ela conta com a ajuda do marido, filhos e da mãe, na propriedade cuja principal atividade ainda é a produção de leite. Apesar de considerar      R$ 40 um bom valor para remunerar o quilo do polvilho de araruta, Rita admite que ainda não fez cálculos, mas espera ter um retorno que compense o esforço dispendido na tarefa. “Espero ter um rendimento satisfatório, pois fazer o polvilho dá muito trabalho. Tem de colher, lavar, ralar, peneirar, deixar de repouso e esperar dois dias pra secar”, justifica. Segundo a agricultora, a araruta que foi plantada no ano passado,  já está sendo colhida.

“Como diz o ditado, quem não planta não come”, sintetiza a agricultura familiar que  a exemplo de Rita está investindo no plantio de araruta para polvilho, Maria de Lourdes Dias, a Lourdinha, da comunidade de Torreões. Segundo ela, apesar de o gado ter invadido a lavoura e destruído a maior parte da plantação, o que restou ainda vai permitir o inicio de outro plantio. Lourdinha também é associada à Agrojuf e vende produtos da agroindústria familiar nas lojas do empório e na feira do centro de Juiz de Fora.

Outra que também resolveu encarar o desafio foi a produtora familiar, Silvana de Paula, moradora do distrito de Rosário de Minas. Dona de uma propriedade de 51 hectares, Silvana ainda aguarda o ponto de colheita dos 20 quilos de rizomas plantados em uma área de 50 metros quadrados. “Já deveria estar colhendo, mas o terreno é muito úmido e atrasou. Minha intenção é replantar tudo que eu colher, pois quero triplicar a próxima área. Faço biscoito de cebola e goiabinha, mas percebo que existe muita procura dos clientes por biscoito de araruta”, conta. Assim como Rita e Lourdinha, Silvana também vende seus produtos na Empório Rural, sendo filiada à Agrojuf.

De acordo o técnico da Emater-MG,  além da assistência de rotina, a empresa já promoveu diversas oficinas para capacitar os produtores interessados, sendo a última no início deste mês.  Segundo ele, no momento, o escritório local está empenhado em testes para incentivar a utilização do desintegrador de milho,  em substituição ao liquidificador industrial, usado para ralar o rizoma da araruta. “Usado na produção de fubá, o desintegrador poderá baixar os custos  já que apresenta maior rendimento e o liquidificador é mais caro. Além disso, a maioria dos agricultores tem este equipamento”, explica.

Bancos de hortaliças raras

Segundo o extensionista Cândido, o cultivo da araruta em Juiz de Fora é resultado  de uma ação do projeto do  banco de sementes e mudas de hortaliças não convencionais. A iniciativa distribuiu mudas a produtores locais,  e vem trabalhando desde 2009  o resgate do uso de hortaliças tradicionais, quase em extinção. O trabalho é feito em parceria com o Ministério da Agricultura, Embrapa, Secretaria de Agropecuária e Abastecimento de Juiz de Fora e da também vinculada à Seapa, Epamig.

Em Minas Gerais, a implantação de bancos de hortaliças raras teve início em 2008.  Atualmente existem 43 deles em todo o Estado. A proposta é estimular o cultivo e o consumo dessas hortaliças. De acordo com coordenador de Olericultura da Emater-MG, Georgeton Silveira, o trabalho tem apresentado bons resultados. “Pelos relatos que ouvimos nas comunidades atendidas, o consumo de hortaliças não convencionais aumentou”, diz. A gestão dos bancos é feita em parceria entre as instituições envolvidas no trabalho e as comunidades.

Segundo a coordenadora técnica em Segurança Alimentar da Emater-MG, Faustina Maria de Oliveira, as hortaliças não convencionais são ricas em vitaminas, carboidratos, sais minerais e fibras. Elas também são importantes para regular as funções do corpo e  protegê-lo contra doenças. “Esses nutrientes estão presentes em maior ou menor quantidade dependendo da parte da planta que será utilizada. A recomendação para uma alimentação saudável é que se consuma de quatro a cinco porções por dia de hortaliças”, orienta.

 


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Publicado em: 28/07/2011



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