Convênio entre Emater-MG e Escolas Famílias Agrícolas reforça educação de jovens rurais
Renato e Gleikis, jovens de Manhuaçu beneficiados pelo Projeto Transformar
A preocupação com a qualidade de vida do jovem rural, oferecendo a ele oportunidades de se fixar no meio em que vive, é foco de ações desenvolvidas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). Além do Projeto Transformar, que investe na qualificação de filhos de agricultores na faixa etária de 16 a 29 anos, a empresa pública mineira mantém um Termo de Cooperação Técnica com a Associação Mineira das Escolas Famílias Agrícolas (Amefa). A entidade reúne as chamadas Escolas Famílias Agrícolas (Efas). Ao todo são 18 no estado, com um total de 457 alunos matriculados no ensino fundamental e 497 no ensino médio. Os estudantes têm idades entre 11 e 20 anos.
Segundo a coordenadora técnica estadual da Emater-MG, Lázara Alves, o convênio garante o aperfeiçoamento profissional dos estudantes, por meio da oferta de estágios nos escritórios locais da empresa e acesso aos cursos de capacitações do Projeto Transformar. Além disso, abre espaço para a divulgação de ações das Efas nos programas de comunicação da Emater-MG, tais como Minas Rural, Portal, Revista da Emater-MG e Rádio, entre outros. De acordo Alves, as Efas têm uma educação diferenciada, pois “casa a teoria com a prática. O livro é o mundo do jovem rural. É um tipo de formação político-pedagógica”, acrescenta.
A presidente da Amefa, Faustina Lopes da Silva explica que todo aluno da Efa passa pela chamada pedagogia de alternância, em que o estudante fica 15 dias do mês na escola, em regime de internato, e os 15 dias restantes na propriedade onde mora, praticando os conhecimentos adquiridos e os repassando aos outros membros da família . “A Escola Família Agrícola não forma só o aluno, mas toda a família”, sustenta. Segundo Faustina, cada Efa atende em média “de 35 a 100 alunos”. O contingente é formado de filhos de pequenos agricultores, assalariados agrícolas e assentados rurais.
“As Efas trabalham direto nas bases. Assim a agricultura familiar fica fortalecida. Aqueles de menos condições têm acesso à educação”, afirma Faustina Lopes. A secretária da Amefa, Vanessa Barcante Iota, avisa que para ser aluno de uma Efa, o jovem precisa além de ser filho de agricultores, passar por um processo seletivo, “que varia conforme a realidade de vida e a escola em que deseja se inserir”, diz.
Histórias de estudantes
“Aqui no campo é muito difícil estudar. Se eu quisesse me formar ia ter de ir pra cidade”, conta Elisângela Paulina Rosa, 16 anos. Filha de pequenos agricultores, Elisângela sempre morou no campo e por isso a perspectiva de continuar estudando e ter uma profissão em que pudesse exercer no meio em que vive, parecia ser um sonho distante. Mas no ano passado, a jovem começou a vislumbrar outro destino.
Elisângela conheceu a Escola Família Agrícola (Efa) Paulo Freire, no distrito de Rio Preto, zona da rural do município de Simonésia, e agora está cursando o segundo ano do ensino médio. Ano que vem, a jovem vai se formar no curso de Técnico Agrícola e estará pronta para trabalhar perto de casa, sem ter de migrar para o meio urbano. “Se não fosse a Efa, acho que não iria me formar. Ia parar onde estava. É uma oportunidade, pois pra gente estudar é muito complicado. Muitos aqui desistem e param os estudos”, afirma.
Parecida com a história de Elisângela é a experiência de Santos Batista de Oliveira, ex-aluno da Escola Família Agrícola Bontempo, localizada na Comunidade Córrego do Brejo, zona rural de Itaobim. Santos também é filho de pequenos agricultores e, da mesma forma que Elisângela, passou praticamente a vida inteira no campo, na comunidade de Tombos, a mesma em que seus pais foram criados.
Nascido em 1983, Santos só começou a estudar aos sete anos de idade, tendo que caminhar três quilômetros por dia até chegar à escola. As dificuldades com os estudos foram muitas: saía cedo e só voltava à noite. “A roupa sujava com a poeira ou a lama das estradas. Às vezes eu ficava doente”, relata. “Com muito custo”, segundo ele, alcançou a 7ª série, porém desistiu. “Já não aguentava mais”, confessa. “Ficava preocupado, pois pensava que depois que terminasse a oitava série teria de ir para a cidade grande para conseguir continuar estudando”, conta.
Apesar disso, com o “incentivo dos colegas” o jovem rural de Itaobim voltou a estudar e concluiu o ensino fundamental aos 19 anos. Mas a guinada na vida estudantil só veio com a entrada na Efa Bontempo, pois segundo Santos, sempre quis permanecer no campo. “Foi difícil, pois tinha muita concorrência, mas consegui ser selecionado. E depois veio a recompensa para quem já havia perdido tanto tempo na vida”, relembra. Santos cursou a escola família agrícola entre os anos de 2003 e 2005, onde formou-se em Técnico Agrícola. Hoje ele trabalha no Centro Agroecológico do município de Tamanduá (CAT), onde entrou após seleção que envolveu a participação de quatro concorrentes. Havia apenas quatro meses, em que Santos tinha concluído o ensino médio. “E tudo isso graças a Escola Família Agrícola”, conclui.
Transformar – Uma Nova Minas com a Juventude Rural
Projeto estruturador da Emater-MG, que investe na capacitação de filhos e filhas de agricultores, capacitou desde a implantação, em 2006, 5.643 jovens na faixa etária de 16 a 29 anos.
Até o mês de dezembro de 2009, foram aplicados R$ 350 mil no projeto, com 1.871 jovens beneficiados no ano passado. Dos atendidos, 122 desenvolveram projetos com recursos do Pronaf, 88 do Minas Sem Fome e 35 com recursos próprios, mas com orientação técnica da empresa, totalizando 245 beneficiados, segundo dados do último mês de 2009.
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Publicado em: 12/02/2010
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