A Associação Ajudaar, de Jampruca, faturou cerca de R$2,5 milhões em 2024, melhorando as condições de vida de várias famílias de agricultores.


BELO HORIZONTE (13/02/25) - O município de Jampruca, no Vale do Rio Doce, tem vários assentamentos e a vida dos assentados sempre foi bem difícil. Mas o associativismo vem transformando a realidade local, trazendo novas oportunidades e mais geração de renda para os agricultores locais. Em 2024, a Associação Ajudaar (Associação Jampruquense de Agricultoras e Agricultores Familiares) movimentou cerca de R$2,5 milhões e, este ano, a proposta é crescer tanto em faturamento quanto no número de associados, que atualmente é de 189 filiados.

A maior parte da receita da Ajudaar vem do Projeto de Coleta de Sementes Nativas da Mata Atlântica, uma iniciativa da Fundação Renova para restaurar florestas nativas e mananciais em Minas Gerais. “Em 2023, tivemos o treinamento para conhecer e aprender a beneficiar e armazenar as sementes, e coletamos duas toneladas de sementes, de 77 espécies. Já no ano passado, nossos associados coletaram 10 toneladas, de 113 espécies, tendo um faturamento de quase R$1,9 milhão”, diz a presidente da associação Regiane Pereira de Souza.

Segundo ela, teve agricultor que recebeu até R$100 mil no ano, dependendo da quantidade de sementes coletada. Uma renda muito significativa para os assentados. “São famílias pobres, que com esse dinheiro puderam realizar o sonho de ter água encanada, construir um banheiro em casa ou fazer um tratamento dentário. A associação se tornou uma oportunidade de mudança de vida para muita gente, por isso cresceu bastante o interesse dos agricultores e o número de filiados. Nos dá muito orgulho ver as pessoas construindo uma vida melhor”, comenta.

Força feminina


Inicialmente, a associação era formada por 42 mulheres e apenas dois homens. Essa força feminina ainda faz a diferença na Ajudaar, cuja diretoria é toda composta por mulheres. “No começo, o pessoal achava que não ia dar certo, que a gente estava perdendo tempo. Para reativar a feira livre, por exemplo, foi uma luta. Mas nossa persistência foi vencendo as resistências e o povo foi tomando gosto pelo projeto”, lembra Grasiele Leila de Souza, secretária da Ajudaar e presidente Associação São Geraldo de Agricultores Familiares de Jampruca (entidade parceira da Ajudaar e que reúne famílias do Assentamento Santa Marta).

Grasiele defende que é necessário ocorrer uma mudança de mentalidade. “Eu deixei a roça aos 18 anos, porque todos diziam que só dava para crescer na cidade. Voltei com minha família há 3 anos e vejo um caminho de muito prosperidade por aqui. Tantos os produtores como as lideranças políticas tem que acreditar no campo. Em Jampruca, 45% da população é rural e temos um potencial gigantesco a ser desenvolvido. Minha história é prova disso”, garante.

Em 2024, a produtora foi convidada a dar palestras em 12 municípios da região, deixando em todos eles uma mensagem de otimismo aos assentados e agricultores familiares. “Se você muda a mentalidade, muda a realidade. Nós tínhamos uma mata e nem imaginávamos que poderíamos ganhar dinheiro com ela e ainda preservando o meio ambiente. E hoje vejo quantas outras coisas que podemos fazer para crescer”, assegura. Grasiele também defende que caminhar coletivamente é muito melhor. “Juntos temos muito mais força e podemos chegar mais longe”, afirma a produtora.


Projetos em desenvolvimento

Além da coleta de sementes, a Ajudaar participa ainda o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com a ajuda da Emater-MG. Orientada pelo extensionista local, a associação montou um projeto coletivo para fornecer alimentos a vários municípios da região, dentro desses programas. “Além de mobilização e assistência técnica aos produtores, também fizemos o Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), que é um documento que qualifica as famílias agricultoras para políticas públicas do setor”, explica o extensionista da Emater-MG, Roney Monteiro.

Atualmente, o técnico tem apoiado o grupo no projeto para a construção de uma tenda de farinha. “A tenda vai agregar valor aos nossos produtos. Também pretendemos fazer uma câmara fria para as sementes, que é a nossa principal fonte de renda no momento”, explica a presidente da Ajudaar. Já a Associação São Geraldo tem investido no plantio de café e de frutas como uva e goiaba. Futuramente, a associação pretende construir uma agroindústria para o processamento das frutas. Quem quiser saber mais sobre as ações do Ajudaar pode conferir as iniciativas no Instagram da entidade (clique aqui)


Assessoria de Comunicação – Emater-MG
Jornalista responsável: Flávia Freitas
Fotos: Divulgação Ajudaar
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Publicado em: 13/02/2025



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